quinta-feira, 4 de março de 2010

Sobre daqui a alguns anos...


Gosto muito da escrita de Marcos Rolim. Rolim produz cotidianamente reflexões para nossa sociedade; seus escritos são sagazes, contundentes e livres. No blog sugiro a leitura de sua página na internet; ler Rolim é um permitir-se, por si só.
No artigo "Daqui a alguns anos" Rolim insurgiu fortemente contra o Estado Cubano, que permitiu o suicídio político de Orlando Zapata Tamayo, que por 85 dias ficou sem se alimentar e, infelizmente, morreu. De outra parte condenou a atitude de Lula, que "lamentou" o episódio e que Lula deveria propor uma agenda de reformas políticas e econômicas. Disse que nem Lula, nem o PT estão dispostos a isso.

Rolim é demasiadamente bom no texto; claro, conciso e coerente com seu pensamento. Rolim ignorou nessa discussão, por concepção, a história Cuba x EUA; ignorou que desde antes da Emenda Platt, quando os Estados Unidos por força política e bélica ocupava Cuba (obrigou a constituição Cubana a tipificar o direito de invasão dos EUA) os Estados Unidos já tinha sua fúria hegemônica demonstrada. A maioria do povo Cubano se fez anti-capitalista; é muito evidente que Cuba é hoje o que é em função da necessidade histórica de autodeterminação de seu povo.


É verdade pessoas morrem injustamente e pelos encaminhamentos da política; pessoas morrem injustamente no sistema porque direito a saúde não é direito é, sim, privilégio; o índice de desenvolvimento humano é sobremaneira baixo na América Latina porque nossos jovens são levados a não estudar, mas sim a trabalhar, isto quando existe trabalho. Pessoas morrem injustamente pela guerra dos Estados Unidos no Iraque; pela guerra deles no afeganistão; pessoas morrem pela má distribuição de renda mundial.

Rolim espera que "daqui a alguns anos a injustiça, os privilégios, a incompetência, a corrupção, a violência, a censura, a perseguição e o medo tiverem se ido e quando o povo cubano puder reconstruir sua história, haverá muitas fotos de Lula e de muitos outros petistas com Fidel..."

De acordo, neste texto, com Rolim as mazelas da sociedade são culpa por demais de Cuba. As classes acabaram; basta a humanização do Estado, que por si as contradições econômicas e políticas serão resolvidas.

Mas independente, gosto mesmo, da escrita de Rolim; terminou falando em nosso silêncio e nossa vergonha; acredito de fato que tem espírito e vontade de mudanças.