sábado, 24 de janeiro de 2009

Assim são as pessoas; assim é a humanidade

É verdade que mensurar as coisas é extremamete difícil; mas nem porisso deixamos de fazer.
Todos nós, seres desejantes, entramos facilmente no emaranhado das relações sociais.
Acordamos: casa, padaria, transporte coletivo, trânsito, pedestre, motorista, trabalho, escola, curso, clube, academia, colegas, usuários, produtores, consumidores... ufa, cheguei em casa!
E qual o limite das relações? Todos desejam; qual a combinação harmônica possível dos vários desejantes atores?
Há combinação possível? É preciso tê-la?
E... quem olha o cruzeiro do sul, no céu, daqui; vê o mesmo cruzeiro do sul, no céu, de quem olha de lá?
É Evidente que sim (perdoe-me a física quântica, mas aqui é literatura!); mas é outro olhar. O meu olhar não é o olhar do outro, mas observamos o mesmo objeto, a mesma coisa de ponto de observação diferente!
Tem certo? Tem errado? Depende... depente do que queremos; se um certo, um errado; se um derrotado, um vencedor; um melhor, um pior; se tênis ou frescobol. Montamos o que quisermos, sem relativismo, mas com ele presente.
Essa é nossa humanidade.
Talvez... um pequeno permitir-se: - olhar com o olhar do outro.
Parece fácil, mas quase sempre olhamos com o nosso olhar.
Isso nos faz pessoa.
Então; sem grandes elucubrações: - Assim são as pessoas, assim é a humanidade.

Para além do osso, por Marcos Rolim

A palestra ou conferência-espetá culo oferecida por Ariano Suassuna no Cais do Porto, semana passada, foi um acontecimento. Aos 81 anos, o autor de Auto da Compadecida e Pedra do Reino está exuberante em seu agudo senso de humor e vigor intelectual. Há cerca de um ano, encontrei-o no aeroporto de Recife. Aproveitei que ele estava sozinho e me aproximei para cumprimentá-lo, dizendo apenas: Sou de Porto Alegre e o admiro muito. Queria ter a honra de apertar sua mão. Claro que não perderia a palestra. Mais de mil pessoas pensaram o mesmo e se acotovelaram para ouvi-lo atentamente naquela noite e para aplaudi-lo de pé ao final do evento que integrou a apresentação de excelentes músicos e bailarinos pernambucanos.Suassuna não se conforma com a mediocridade e, mais importante, a denuncia; o que confere ao seu discurso enorme importância. Vivemos um tempo em que qualquer bobagem pode se revestir de seriedade e em que o sucesso comercial é imediatamente apresentado como “legítima expressão cultural”. O problema não envolve apenas a parcela da mídia disposta a paparicar “celebridades”, produzir fofocas, discorrer sobre o irrelevante ou elogiar programas de televisão que são apenas vergonhosos. Ele afeta, também, uma intelectualidade “pós-moderna” para a qual a diferença entre cultura e lixo cultural deixou de existir. Suassuna sustenta que o povo se acostuma com o lixo porque é isso o que lhe é oferecido. Fosse outro o “cardápio”, as escolhas seriam diferentes; assim como os cães que comem osso só porque não lhes dão carne.Sobre o tema, Suassuna contou muitas histórias divertidas. Ao ouvir a banda Calypso, por exemplo, ficou impressionado com a pobreza das melodias e das letras, fato que, entretanto, contrastava com o enorme sucesso do grupo. Então, leu uma matéria onde se afirmava que Calypso era “a verdadeira expressão da cultura brasileira” e que seu guitarrista, Chimbinha, “era genial”. Suassuna, então, pergunta: “Mas se o Chimbinha é ‘genial’, qual o adjetivo que usaremos para Beethoven?”. Nesta simples questão, temos parte do programa crítico proposto pela Escola de Frankfurt e a chance de concordar com Adorno, que assinalou: “Quem se dedicar a situar o sistema da indústria cultural nas grandes perspectivas da história universal, terá que defini-lo como a exploração planificada da ruptura primordial entre os homens e sua cultura” (Minima Moralia).Ver semelhanças em tudo é sinal de vista fraca e, antes de tudo, deveríamos ser educados a distinguir. Falo em “educação” no sentido formal mesmo, como missão a ser cumprida pela escola – único espaço onde a indústria cultural poderia ser derrotada verdadeiramente em um processo de sensibilização e promoção do gosto. Sem isso, a audição regride, a percepção visual se estreita, o raciocínio se embota. Por tudo isso, acho que o Brasil deveria prestar mais atenção ao que Suassuna tem dito.
Em 09 de novembro de 2008
*Jornalista

Alguma coisa faltou

Os indicativos pós-eleitorais indicam: o glamour da esquerda brasileira arregimentou mais mentes e menos corações do seu lado que antes. Não é um fenômeno que acontece pela primeira vez. Mas um será!? Ecoa silenciosamente... Independentemente da afirmativa, ou das afirmativas, um conjunto de desafios se (re)apresentam. É um misto de continuidade e transformações... Desiguais e combinadas... Desiguais no tempo e combinados na história... Há um imperativo histórico, categórico: Propagar, defender e construir um movimento social de profunda transformação; articulado os municípios, estados e união a favor da Reforma Política no país. É ela que poderá resignificar a intensão da ação política e (re)conquistará corações. O pleito eleitoral não pode ser o limite das mudanças que nosso tempo merece, alguma coisa faltou.

Crise política no RS e novos rumos à democracia

O Estado do Rio Grande do Sul e o Brasil, mais uma vez, se depara com um escândalo na cena da vida pública. O pretenso corruptor, Secretário de Estado, reivindica a falta de ética do corrupiando em potencial – nada mais que o Vice- governador. Destaca, ainda, o pretenso corruptor, em sua inquirição pública a “quebra de confiança” que ficou evidenciada na gravação, segundo ele ardil e secreta, que portanto “sem ética”. Afinal de contas, afirma, era uma conversa oficial de governo! O Chefe da Casa Civil revela que o vice-governador gravou a conversa visando expor sua imagem; “foi uma punhalada pelas costas”. Magoadamente se sentiu “um otário”. De certo que alguns poderão neste contexto dizer: mas não houve corrupção; outros dirão, mas houve uma “tentativa!”. O pretenso corruptor virou vítima; o Vice-governador, traidor, sem ética e... Culpado. Sim essa foi a tese do ex-chefe da Casa Civil do RS.

Sem juízo do mérito desse fato lamentável da cena da política brasileira; o artifício da degola pública me causa sobremaneira rejeição; não vejo com bons olhos o instrumento que faz do parlamento um tribunal; pra bem da verdade creio seja um expediente de certa anacronia , que carrega em si uma forma de excomunhão no mais belo estilo canônico; não visa um debate de concepções e concertações da política; mas sim uma auto-afirmação vil, que não tem respostas concretas a problemática colocada no cerne da real discussão política. Encilha-se na crise visando um aparecimento público. Ora até o Tucanato do PSDB, que é o partido organizador da crise sentou no banco da acusação, da inquirição; esquecendo que deu início no país a mensalões (de MG para o Planalto), à corrupção do Detran Gaúcho (destaque que a CPI é a CPI do Detran RS), das privatizações criminosas no Brasil (caso da Vale, entre outros). É vale a velha cantilena “tem gente que adora defunto pra poder ir no velório”.

O escândalo tem direta relação com o fraco desempenho do Congresso Nacional; por sua morosidade; sua falta de produção legislativa; de sua inoperância. De um legislativo Central que não consegue se autonomizar, não do executivo, mas sim, dos recursos públicos que são gestionados por este; freqüentemente vota casuisticamente; por algumas migalhas que terão desdobramentos pontuais. Não há labuta legislativa em temas da estrutura sucateada de Estado. Grande parte dos deputados federais não estão imbuídos de uma vontade legiferante; são representantes na busca de recursos financeiros a seus nichos políticos; isso pra não fazer uso de expressões da república velha (currais eleitorais teria contexto); nada contra, mas é muitíssimo... pouco. A crise é originária no “modus operandi” do sistema político brasileiro vigente; sistema debilitado que há muito necessita da Reforma Política e de Estado; essas que podem vir a ser um salto qualitativo em nosso sistema político pós-constituição de 88.

Corrigir distorções da representação legislativa; fazer um profundo debate do já surrado assunto dos financiamentos de campanhas; avançar no empoderamento da cidadania ativa; na democracia cotidiana e permanente; inverter a lógica de pequenos e predefinidos espasmos de democracia. A corrupção tem amparo na legalidade; corruptor e corrupiando sempre quando “pegos” lamentam e bravateiam: Esse é o Sistema!

Precisamos, nós, articular as condições a uma futura Reforma Política e de Estado. Ela é necessária ou estaremos fadados a ridicularização; a banalização dos atores públicos e da coisa pública; entraremos no Estado das escutas; das espionagens; das inquirições; da mafialização da política; do crescimento do Estado Polícia, que infelizmente putrefa os avanços do Estado Democrático de Direito, arruína as garantias sociais adquiridas - que ainda cheiram a suor e sangue de uma geração. Teremos retrocessos nas conquistas “lentas e graduais” de nossa democracia. É necessário, portanto, que a vanguarda política tenha capacidade de ideologizar a discussão sob pena do conjunto da sociedade, sem opção, tome rumos que recrudesçam o pensar e, neste sentido, rebaixe o pensamento crítico. Talvez vivamos períodos piores na, já, combalida ética hegemônica. É neste sentido que temos que, sempre, apontar rumos que dialoguem com o seio da sociedade que olha com desconfiança a classe política operante. Articular o conteúdo político e as frentes transformadoras deve ser o sentido do discurso e da proposta política; orientar a intervenção da sociedade crítica e conseguir trazer consigo aqueles e aquelas que não se vêem nestes escândalos. Fazer transformações que repercutam no cotidiano da barbárie. Assim poderemos dar novos rumos à democracia.


Atualizado em 10/06/2008
Jeferson Henrique A. Pereira

Partenon e Lomba do Pinheiro consolidam Fórum de Habitação

Fórum Regional 6 - Partenon e Lomba; do COMHATAB (Conselho Municipal de Acesso à Terra e Habitação) discutem diretrizes de habitação e empossam Conselheiro Titular da Região. A Presidenta do COMATHAB, Angélica Mirinhã relatou a importância da atividade " A região 6, partenon e Lomba estava sem seus representantes; através dessa organização a região e a comunidade avançam e tendem a colher bons resultados. Esse será um ano de muito trabalho no COMHATAB."

O Mandato dos conselheiros do Fórum é complementar e vai até dezembro desse ano.

Conselheiro Titular eleito, Jeferson Pereira, afirma: " Esse é um importante ano na Região; temos dois eixos centrais neste período; primeiro é apostar na consolidação do Fórum, através da participação das entidades do Partenon e da Lomba; segundo é construirmos uma intervenção articulada e de resultados para nossa região, isto é avançarmos no direito à moradia, com regularização fundiária e a garantia de recursos públicos efetivos para construção e reformas de moradias. Vamos abrir diálogo com os setores envolvidos."

O Fórum está discutindo a realização de um Seminário Regional em março desse ano; entre os objetivos está o encontro de entidades que desenvolvem trabalhos em Habitação e o fluxo de informações às comunidades.